O TURISMO E A ESPERANÇA DE DESENVOLVIMENTO EM POÇO REDONDO

Manoel Belarmino

Peço licença aos doutores e turismólogos para dizer que não dá mais para pensar e construir políticas públicas de turismo, focando somente em megaestruturas, desprezando o turismo de base comunitária ou deixando de envolver diretamente as comunidades locais.

Neste tempo de pós-pandemia em que as festas tradicionais estão voltando a acontecer em nossas comunidades, também os turistas estão retornando aos lugares históricos, de paisagem e de lazer.

Aquele momento do  isolamento social da pandemia poderia ter servido para que os gestores, os políticos e os cidadãos, pudessem refletir e propor a implantação de uma política municipal de fortalecimento do turismo local.

Antes da pandemia, e agora já no pós-pandemia, eu recebo, com frequência, muitas mensagens via Zap de grupos de pessoas querendo fazer trilhas nos diversos pontos turísticos e lugares históricos de Poço Redondo. O turista quer conhecer a paisagem e a história do cangaço e do sertão sergipano.

A comunidade precisa receber apoio técnico do governo municipal para organizar os diversos serviços de turismo, desde a divulgação dos produtos e serviços à qualidade das estruturas mínimas necessárias e adequadas para receber os turistas. O desenvolvimento de uma comunidade com potencial turístico perpassa por apoio técnico do governo local. Os grandes empresários não dependem do governo local a não ser para a isenção de alguns impostos. Os pequenos empreendedores precisam de apoio técnico do governo local para garantir bons serviços e geração de trabalho e renda. As grandes empresas geram empregos, submissão e importam profissionais. Os pequenos empreendedores geram trabalho, renda e autonomia, além da geração de empregos intrafamiliar e ainda fortalecem a economia local e a identidade cultural do povo do lugar.

Fico angustiado quando vejo turismólogos, doutores e governantes dizerem que a megaconstrução de uma orla em cima de uma comunidade tradicional é a única ou a principal solução para o desenvolvimento local. Vejam a Ilha do ferro em Pão de Açúcar, aqui bem pertinho de Poço Redondo, do outro lado do Velho Chico, que hoje é conhecida no Brasil inteiro e fora do país. É uma das localidades mais visitadas, os pequenos empreendedores vendem os seus produtos, gerando renda e trabalho. Um detalhe: na Ilha do ferro não tem nenhuma megaestrutura. Teve e tem apoio governamental para uma boa política de fortalecimento do turismo local.

Afirmo e reafirmo que é possível, sem precisar de grandes investimentos financeiros, construir uma política eficiente de fortalecimento do turismo em Poço Redondo, basta ter vontade política e competência técnica.

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