SOBRE A PRODUÇÃO DE FARINHA DE MANDIOCA EM POÇO REDONDO
Manoel Belarmino Lembranças tomam conta de meus pensamentos como imagens de um filme. Lembranças de um passado recente. São as lembranças das farinhadas. Falar ou escrever sobre produção de mandioca e farinha em Poço Redondo nos tempos atuais parece estranho. Mas as farinhadas, no meu tempo de menino, ainda eram, além da produção da farinha, da tapioca, do beiju, uma festa dos valores da solidariedade nas diversas comunidades espalhadas por este sertão. A produção artesanal e coletiva da farinha e outros derivados da mandioca marcaram a minha infância e juventude no Boqueirão, entres a Serra da Guia e a Serra Negra, no Território da Serra da Guia. As farinhadas duravam semanas inteiras, meses inteiros, recheadas de muita solidariedade, coletividade, cultura, histórias, cordéis, cantorias. O barulho da roda, do reio e do rodete, a pressão da prênsão, a peneira da massa na urupemba, a tapioca, os beijus, a raspa da mandioca, o rodo no mexer da farinha no forno de barro. Em minha