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SOBRE A PRODUÇÃO DE FARINHA DE MANDIOCA EM POÇO REDONDO

Manoel Belarmino Lembranças tomam conta de meus pensamentos como imagens de um filme. Lembranças de um passado recente. São as lembranças das farinhadas. Falar ou escrever sobre produção de mandioca e farinha em Poço Redondo nos tempos atuais parece estranho. Mas as farinhadas, no meu tempo de menino, ainda eram, além da produção da farinha, da tapioca, do beiju, uma festa dos valores da solidariedade nas diversas comunidades espalhadas por este sertão. A produção artesanal e coletiva da farinha e outros derivados da mandioca marcaram a minha infância e juventude no Boqueirão, entres a Serra da Guia e a Serra Negra, no Território da Serra da Guia. As farinhadas duravam semanas inteiras, meses inteiros, recheadas de muita solidariedade, coletividade, cultura, histórias, cordéis, cantorias. O barulho da roda, do reio e do rodete, a pressão da prênsão, a peneira da massa na urupemba, a tapioca, os beijus, a raspa da mandioca, o rodo no mexer da farinha no forno de barro. Em minha

RESPEITÁVEL PÚBLICO, CHEGOU UM CIRCO NO BAIRRO SÃO JOSÉ!

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Manoel Belarmino Desde o Império Romano, no século VI a.c, com o surgimento do Circus Maximus que tinha capacidade para 150 mil pessoas, que o circo em diversos países do mundo vem sendo, com suas tendas circulares e seus picadeiros, espaços de apresentações artísticas diversas. A arte circense existe há mais de 2500 anos. "Hoje tem espetáculo? Tem, sim, senhor!" E era assim que se ouvia do palhaço anunciador do circo ou que se ouvia do carro com um alto falante de duas bocas nas pequenas cidades sertanejas do interior quando o circo chegava à cidade. O espetáculo era uma festa. A meninada, a moçada e os mais velhos lotavam o circo. Artistas de diversas especialidades se apresentavam no picadeiro, como palhaço, contorcionista, equilibrista, malabarista, ilusionistas, mágico, dançarina, etc. Nos tempos atuais o circo empobreceu. O empobrecimento do circo representa o empobrecimento da nossa cultura. Quantas lembranças dos circos que, com suas tendas circulares e

DUAS DATAS IMPORTANTES SE APROXIMAM NO CALENDÁRIO CULTURAL E HISTÓRICO DE POÇO REDONDO

Manoel Belarmino Sempre é bom lembrar as coisas boas da história e da cultura de nosso Poço Redondo. Duas datas importantes do nosso calendário histórico e cultural se aproximam. É a Missa do Cangaço e a Festa de Agosto. A primeira data - A Missa do Cangaço na Grota do Angico, que há anos, no dia 28 de julho (já no próximo mês), é celebrada. Nesta data pesquisadores, estudiosos, artistas, escritores, cientistas, turistas, a imprensa e jornalistas de diversas partes do Brasil e do mundo visitam ou estão de olhos voltados para Poço Redondo e para a Cultura do Cangaço. A segunda data – Aí é a histórica e cultural Festa de Agosto de Nossa Senhora da Conceição de Poço Redondo. A Festa de Agosto é uma das festas mais antigas de Poço Redondo. Sempre esteve na memória do povo de Poço Redondo. As danças, o forró, a cidade enfeitada. As famílias que se preparam para receber os parentes que moram longe. A ansiedade pela esperada divulgação da programação dos sanfoneiros e das bandas.

O SERVIR

Manoel Belarmino Dizem (e eu acredito) que 75% da população brasileira reza, ora e medita, em casa e nas igrejas, diariamente. E desse percentual, parte significativa dizem servir a Deus de diversas formas. A prova disso é a quantidade elevada de igrejas, templos, casas e salões de orações. De todas as religiões, cristãs ou não. Em cada praça ou rua tem duas ou três igrejas. Apesar do crescimento acelerado de templos, igrejas, casas e salões de orações, rezas e meditações, a corrupção, a degradação e a perdição humana, crescem assustadoramente. Há quem diga que a perdição humana está crescendo na mesma proporção que crescem as igrejas. Muita reza, muita oração, muita meditação e pouco serviço. E o que é mesmo serviço? O que é mesmo servir a Deus? Em algum lugar na Bíblia alguém escreveu que "a fé sem serviço é morta" (Tiago 2:14-26). Em outro trecho da Bíblia também está escrito que "nem todo aquele que diz ou grita o nome do senhor entrará no reino dos céus&q

MORTE E RESSURREIÇÃO NAS CAATINGAS DO SERTÃO

Manoel Belarmino Conta-se, e foi um caso verídico, testemunhado pelo meu avô Zé Nicácio, Pedro Rosa e o velho Badu, que uma senhora moradora da Serra Negra, Dona Maria Pau, adoeceu e morreu. Era uma tarde de 11 de agosto de 1951, no Sítio dos Soares, em Poço Redondo. Aí as pessoas da comunidade providenciaram o velório, a sentinela. Foram na cidade de Poço Redondo e compraram os panos de cor branca e azul, os pregos e chamaram o marceneiro para durante a noite confeccionar o caixão, usando os panos e as madeiras de facheiro e mandacaru. As mulheres já costuravam as mortalhas e as outras, na cozinha, preparavam o café. As rezadeiras de excelências já colocavam as esteiras na sala para entoar os cantos, o Terço e no amanhecer o Ofício de Nossa Senhora. E o Maria Valei-me. O outro montado em um burro andador já havia ido à cidade providenciar as garrafas de cachaça. Aquela noite de sentinela seria longa. Os Soares, exímios contadores de piadas e anedotas, já haviam chegado. A fogue
AS SEMENTES DOS VALORES Manoel Belarmino As sementes são valores Que bem germinando vão, Nas roças da nossa vida, Espalhadas pelo chão, Renascendo em coletivo, Fortalecendo a nação. As sementes dos valores Germinam nas madrugadas Fazendo o alvorecer, Embelezando as estradas, Fortalecendo o amanhã E as conquistas sonhadas. E só quem caminha alcança O que tem a conquistar, Também tem a vitória Quem não parou de lutar E só pode colher frutos Quem aprendeu a plantar. Como fontes de água pura Assim temos os valores. São fontes inesgotáveis Onde bebem os sonhadores. E bebemos a utopia Todos nós, os lutadores. Mas mesmo em tempos difíceis Da ainda quase escravidão, Vislumbramos, nas lutas, Com fé e resignação, A sonhada liberdade. Novo mundo em construção. Os valores também são Como as árvores no mato Bem crescidas, adubadas, E raízes em bom trato Cuidadas pelos mais velhos Das raízes o substrato. Dos v