POÇO REDONDO EM RISCO DE DESERTIFICAÇÃO E O DIA
NACIONAL DA CONSERVAÇÃO DO SOLO
Manoel Belarmino

O dia 15 de abril é o dia Nacional da Conservação
do Solo e o dia 17 de junho é o Dia Mundial do Combate à Desertificação. Nestas
datas, os órgãos governamentais e a sociedade civil fazem culminâncias na luta
contra a desertificação e pala Conservação dos Solos. O Dia Mundial do Combate
a Desertificação foi criado pela Assembleia Geral das Nações Unidas - ONU, em
1994.
Desertificação é “a degradação da terra nas regiões
áridas, semiáridas e sub-úmidas secas, resultante de vários fatores, entre eles
as variações climáticas e as atividades humanas". E entendemos ainda que
“degradação da terra" é a degradação dos solos, dos recursos hídricos, da vegetação
e a redução da qualidade de vida das populações afetadas.
Todos nós sabemos que as causas principais da
degradação das regiões semiáridas são o uso em excesso ou uso inapropriado dos
recursos da terra, agravados pelas secas. Podemos citar que as causas mais
nocivas ao ambiente são a degradação dos solos e recursos hídricos, da
vegetação, da biodiversidade e a redução da qualidade de vida das populações
afetadas. Podemos citar ainda o crescimento da população e da densidade
populacional que contribuem para a exploração dos recursos naturais, o aumento
da população, assim como das demandas por alimentos, energia e outros recursos
naturais, a inadequação dos sistemas produtivos e as formas inadequadas de
manejo da terra que vêm provocando degradação dos solos, da vegetação e da
biodiversidade.
A desertificação no nosso semiárido causa diversas
consequências, tais como: a degradação das terras secas causa sérios problemas
econômicos, no setor agrícola com o comprometimento da produção de alimentos,
prejuízo causado pela quebra de safras e diminuição da produção, extinção de
espécies nativas, algumas com alto valor econômico, e outras que podem vir a
ser aproveitadas na agropecuária, e, falência econômica, baixo nível
educacional e concentração de renda e poder que já existem tradicionalmente em
muitas áreas propensas à desertificação nos países em desenvolvimento.
Os municípios sergipanos que apresentam situação
avançada de desertificação são: Canindé do São Francisco, Nossa Senhora da
Glória, Poço Redondo, Monte Alegre, Gararu e Porto da Folha, todos localizados
no território do Alto Sertão Sergipano.
Em Poço Redondo, as comunidades que estão com
problemas mais graves de desertificação, são: Flor da Serra, Risada, Fazenda
São Paulo (onde estão os assentamentos Padre Cícero e Herbert de Sousa),
Cachimbeiro, Rancho Velho, Juazeiro, Altos do Curralinho, Morro Vermelho,
Capela, e outras. Estão em um processo acelerado de desertificação seca. Além
dos riscos de desertificação úmida nas áreas de irrigação dos perímetros
irrigados de Jacaré Curituba e Califórnia, provocados pelo excesso de água, a
salinização e os agrotóxicos.
Em Poço Redondo, nos últimos 50 anos, o modelo de
política agrícola predatório e inadequado para o semiárido destruiu 70% dos
solos, arrancou a caatinga, fez secar os olhos d’água e salinizou as cacimbas e
riachos. A capacidade de produção agrícola das terras do território de Poço
Redondo caiu 60%. Inclusive, comunidades que foram produtoras de mandioca, como
Serra da Guia, Areias, Cururipe e outras, atualmente não produzem mais nem
milho.
É preciso que a sociedade civil se mobilize, os
governos se sensibilizem e as escolas se envolvam na luta para enfrentar e
combater a desertificação em nosso território de Poço Redondo. É preciso que se
façam ações concretas de recaatingamento, de recuperação das bacias abastecedoras
de olhos d’água e atividades de educação ambiental e de fortalecimento de
valores.
É urgente o recaatingamento, se não quisermos
morrer no deserto construído por nós mesmos.
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