POÇO REDONDO EM RISCO DE DESERTIFICAÇÃO E O DIA
NACIONAL DA CONSERVAÇÃO DO SOLO
Manoel Belarmino
A última segunda-feira foi dia 15 de abril. Esse
dia é marcado pelo Dia Nacional da Conservação do Solo, instituído por uma lei
federal do final dos anos de 1980. Neste ano de 2019, essa data instituída
completa 30 anos. E, três décadas depois, as mudanças climáticas e o curso
acelerado da desertificação dos solos no mundo precisam ser ainda mais
debatidos.
O dia 15 de abril é o dia Nacional da Conservação
do Solo e o dia 17 de junho é o Dia Mundial do Combate à Desertificação. Nestas
datas, os órgãos governamentais e a sociedade civil fazem culminâncias na luta
contra a desertificação e pala Conservação dos Solos. O Dia Mundial do Combate
a Desertificação foi criado pela Assembleia Geral das Nações Unidas - ONU, em
1994.
Desertificação é “a degradação da terra nas regiões
áridas, semiáridas e sub-úmidas secas, resultante de vários fatores, entre eles
as variações climáticas e as atividades humanas". E entendemos ainda que
“degradação da terra" é a degradação dos solos, dos recursos hídricos, da vegetação
e a redução da qualidade de vida das populações afetadas.
Todos nós sabemos que as causas principais da
degradação das regiões semiáridas são o uso em excesso ou uso inapropriado dos
recursos da terra, agravados pelas secas. Podemos citar que as causas mais
nocivas ao ambiente são a degradação dos solos e recursos hídricos, da
vegetação, da biodiversidade e a redução da qualidade de vida das populações
afetadas. Podemos citar ainda o crescimento da população e da densidade
populacional que contribuem para a exploração dos recursos naturais, o aumento
da população, assim como das demandas por alimentos, energia e outros recursos
naturais, a inadequação dos sistemas produtivos e as formas inadequadas de
manejo da terra que vêm provocando degradação dos solos, da vegetação e da
biodiversidade.
A desertificação no nosso semiárido causa diversas
consequências, tais como: a degradação das terras secas causa sérios problemas
econômicos, no setor agrícola com o comprometimento da produção de alimentos,
prejuízo causado pela quebra de safras e diminuição da produção, extinção de
espécies nativas, algumas com alto valor econômico, e outras que podem vir a
ser aproveitadas na agropecuária, e, falência econômica, baixo nível
educacional e concentração de renda e poder que já existem tradicionalmente em
muitas áreas propensas à desertificação nos países em desenvolvimento.
Os municípios sergipanos que apresentam situação
avançada de desertificação são: Canindé do São Francisco, Nossa Senhora da
Glória, Poço Redondo, Monte Alegre, Gararu e Porto da Folha, todos localizados
no território do Alto Sertão Sergipano.
Em Poço Redondo, as comunidades que estão com
problemas mais graves de desertificação, são: Flor da Serra, Risada, Fazenda
São Paulo (onde estão os assentamentos Padre Cícero e Herbert de Sousa),
Cachimbeiro, Rancho Velho, Juazeiro, Altos do Curralinho, Morro Vermelho,
Capela, e outras. Estão em um processo acelerado de desertificação seca. Além
dos riscos de desertificação úmida nas áreas de irrigação dos perímetros
irrigados de Jacaré Curituba e Califórnia, provocados pelo excesso de água, a
salinização e os agrotóxicos.
Em Poço Redondo, nos últimos 50 anos, o modelo de
política agrícola predatório e inadequado para o semiárido destruiu 70% dos
solos, arrancou a caatinga, fez secar os olhos d’água e salinizou as cacimbas e
riachos. A capacidade de produção agrícola das terras do território de Poço
Redondo caiu 60%. Inclusive, comunidades que foram produtoras de mandioca, como
Serra da Guia, Areias, Cururipe e outras, atualmente não produzem mais nem
milho.
É preciso que a sociedade civil se mobilize, os
governos se sensibilizem e as escolas se envolvam na luta para enfrentar e
combater a desertificação em nosso território de Poço Redondo. É preciso que se
façam ações concretas de recaatingamento, de recuperação das bacias abastecedoras
de olhos d’água e atividades de educação ambiental e de fortalecimento de
valores.
É urgente o recaatingamento, se não quisermos
morrer no deserto construído por nós mesmos.
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