ADEUS, MATIAS TEOBALDO!

Manoel Belarmino


Eu sobre já na tarde de hoje, através de uma mensagem pela Zap do vereador Sandro da Guia, que Matias Teobaldo faleceu ontem, dia 13, e foi sepultado na manhã de hoje, dia 14, no cemitério do Quilombo Serra da Guia em Poço Redondo. Matias Teobaldo estava com 82 anos de idade. A última vez que vi Matias foi em dezembro de 2019  quando fui á novena tradicional de Dona Zefa da Guia. Ali, na casa de Tonho Baixo e Dona Maria de Alta, eu fiz um retrato digital com o Matias Teobaldo. Ali eu estava ao lado de um dos Teobaldo da gema.

Os Teobaldo são de uma família numerosa que, nos primórdios da formação do povo sertanejo, nas primeiras lidas do gado nas caatingas, ocupou e ainda ocupa este Sertão de Poço Redondo e Canindé de São Francisco. Os Teobaldo são remanescentes dos quilombos. Do Baixão da Serra Negra, passando pela Risada antiga, ao Botijo, esta dita região era o mundão caatingueiro dos Teobaldo. Homens como Martim Teobaldo, João Teobaldo, Manoel Teobaldo, Emídio Teobaldo e tantos outros Teobaldo. Todos caatingueiros, vaqueiros e negros remanescentes dos quilombos das caatingas do Amplo Sertão do São Francisco.

Emídio Teobaldo foi um dos grandes mestres do cavaquinho e do autêntico Folguedo de São Gonçalo. O Mestre Peleca, um dos filhos adotivos de Emídio Teobaldo, aprendeu tudo de seu pai.

Há um tempo, eu ainda jovem, tive o privilégio de ver e acompanhar uma Roda de São Gonçalo de Promessa completa, coordenada pelo Mestre Peleca na Fazenda Malhada Bonita, onde morava Luiz Soares, meu tio avô, em Serra Negra. Momento mágico, encantado e sagrado de sentir na alma. Os Teobaldo, os Soares, e tantas outras famílias caatingueiras deste sertão deram exemplo de religiosidade popular onde o encantado das caatingas, o trabalho e a fé se unificam no jeito de ser, de sentir e de viver do sertanejo.

A história dos Teobaldo do Sertão de Sergipe precisa ser recuperada e contada. Os Teobaldo são grandes mestres vaqueiros, cantadores, dançadores de Coco de Roda, rezadores de novenas, devotos de santos, e tudo mais da cultura popular do povo caatingueiro deste sertão. Os Teobaldo, de origem negra, representam as danças tradicionais, as rezas, os folguedos, a lida do gado como cultura e religiosidade popular do povo caatingueiro do Alto Sertão de Sergipe.

Falar nos Teobaldo não há como não lembrar de Avelino Teobaldo (grande vaqueiro do Botijo), e das cantoras de toada e dançadeiras de coco de roda, as filhas de Dona Neguinha, Angelina e Marizete Teobaldo.

A família Teobaldo representa a grandiosidade e a diversidade da nossa cultura sertaneja e caatingueira deste nosso sertão.

Adeus, Matias Teobaldo! Mais um dos troncos deste que parte. Ficam as lembranças e a história.

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