A FESTA DE AGOSTO DO POÇO REDONDO

 Manoel Belarmino


 

Quando chegava o mês de julho, o “Mês de Santana”, os preparativos para a Festa de Agosto, a maior festa de cunho religioso, histórico e cultural de Poço Redondo, começam. Era assim nas fazendas, nas comunidades e na cidade, desde o início da década de 40(1940).
 
A Festa de Agosto surgiu juntamente com a formação da povoação do Poço Redondo de Nossa Senhora da Conceição. Até o início da formação da povoação do Poço Redondo de Nossa Senhora da Conceição, a principal festa religiosa era as novenas de Santo Antônio do Poço de Cima, na povoação dos Cardoso e Sousa. Com a mudança dos moradores do Poço de Cima para o Poço Redondo, uma capelinha foi erguida e uma imagem de Nossa Senhora da Conceição, trazida de Propriá pelo senhor Luiz da Cupira, foi colocada ali; acontecendo, mais adiante, uma ou duas celebrações religiosas por ano em datas diversas já com a presença de um padre.
 
A Festa de Agosto é a festa da Padroeira Nossa Senhora da Conceição que em outros municípios da região como Canindé de São Francisco, Pedro Alexandre e outras, são celebradas, no dia 08 de dezembro, mas em Poço Redondo, a igreja resolveu celebrar em 15 de agosto.
 
A Festa da Padroeira Nossa Senhora da Conceição tornou-se a principal festa da povoação do Poço Redondo e das comunidades vizinhas.
 
A missa, as novenas, as danças de sanfona, o samba de coco, os leilões, as danças de roda, a chegada dos parentes de longe, as preparações de acolhimento, os enfeites, moças e rapazes com suas roupas armoriais, a zabumba, as sanfonas, a procissão, as cavalhadas... As festas de forró em vários lugares sustentadas pelas cotas. As costureiras que costuravam os melhores vestidos, as melhores camisas. As moças e os rapazes que trabalhavam o ano inteiro para juntar o dinheirinho para gastar “na melhor festa do mundo” para os sertanejos de Poço Redondo. A Festa de Agosto.
 
Os currais dos arredores de Poço Redondo ficavam cheios de cavalos de luxo, de burros bons e as varandas das casas ficavam cheias de selas enfeitadas e algumas até com fivelas de prata.
 
As danças eram livres e todos, de forma consciente, pagavam a cota. Havia a liberdade de ir e vir em todo o espaço da festa. A festa era livre e do povo. Forró o dia inteiro. Só se parava para rezar.
 
Podia-se avistar Manezinho Tem-tem cuidando de embelezar os sapatos os festeiros, deixando-os bem engraxados, brilhantes. Os retratos eram feito pelas lentes de Seu João, o conhecido e famoso retratista.
 
Os cortes de pano para, pelas mãos das costureiras do lugar, se tornar belos vestidos paras moças e lindas camisas para os rapazes, chegam de longe. Brilhantinas e perfumes também chagavam de longe.
 
Izabel Marques, Mãezinha e Conceição ficavam com as lojas cheias de pessoas querendo um pano para fazer suas roupas. Zé de Bela e Dona Hélia não conseguiam dar conta das encomendas de costura.
 
O prédio público mais antigo da cidade, onde na época funcionava a Prefeitura, nos dias da festa, transformava-se em salão de baile. As casas dos moradores também se tornavam lugar de dança.
 
Embriagado pelo ar armorial de Poço Redondo, um prefeito poeta caminhava pra lá e pra cá pelas poucas ruas da cidadezinha como todos os caboclos festeiros. Era Alcino Alves Costa, no seu jeito caipira, acolhendo os caboclos de Poço Redondo que chegavam do Rio de Janeiro e de São Paulo e visitantes de cidades vizinhas para a Festa de Agosto. Religiosamente, todos os anos, Poço Redondo recebia na festa de agosto gente de Serra Negra, Canindé de São Francisco, Pão de Açúcar, Piranhas, Propriá...
 
A missa, as novenas, as danças de sanfona, o samba de coco, os leilões, as danças de roda, a chegada dos parentes de longe, as preparações de acolhimento, os enfeites, moças e rapazes com suas roupas armoriais, a zabumba, as sanfonas, a procissão, as cavalhadas... As festas de forró em vários lugares sustentadas pelas cotas. As costureiras que costuravam os melhores vestidos, as melhores camisas. As moças e os rapazes que trabalhavam o ano inteiro para juntar o dinheirinho para gastar na melhor festa do mundo. A Festa de Agosto do Poço Redondo.
 
Os currais dos arredores de Poço Redondo ficavam cheios de cavalos de luxo, de burros bons e as varandas das casas ficavam cheias de selas enfeitadas e algumas até com fivelas de prata.
 
As danças eram livres e todos de forma consciente pagavam a cota. Havia a liberdade de ir e vir em todo o espaço da festa. A festa era livre e do povo. Forró o dia inteiro. Só se parava para rezar.
 
Embriagado pelo ar armorial de Poço Redondo, um prefeito poeta caminhava pra lá e pra cá pelas poucas ruas da cidadezinha como todos os caboclos festeiros. Era Alcino Alves Costa no seu jeito caipira acolhendo os caboclos de Poço Redondo que chegavam do Rio de Janeiro e de São Paulo e visitantes de cidades vizinhas para a Festa de Agosto. Religiosamente, todos os anos,  Poço Redondo recebia na festa de agosto gente de Serra Negra, Canindé, Pão de Açúcar, Piranhas, Propriá... e outros lugares.
 
A voz de Clemilda muitas vezes se ouviu por aqui. O fole de Gerson Filho, com a sua música "Forró em Poço Redondo", era sempre esperado. A sanfona afinada de Dudu Ribeiro fazia o suor pingar dos melhores e dos melhores dançadores de forró do mundo, os homens e mulheres de Poço Redondo. Zé Aleixo... E tantos outros. E a música "Mariá" de autoria de Messias Holanda e Alcino Alves Costa retratando a nossa cidade e a geografia local, como o Rio Jacaré, as suas cacimbas e a vida da mulher poço-redondense, que fez e faz sucesso em todo o Brasil? Essa música marcou as grandes festas de agosto que Poço Redondo já teve. Vale lembrar aqui que Dona Mariá de quem a letra da música trata ainda está viva, vivendo a sua melhor idade. É a avó de Érica Feitosa.
 
Não há dúvida em Poço Redondo, no descambar das noites os mais velhos e os mais novos, nas memoráveis noites sertanejas, ouviu-se a voz da ainda jovenzinha cantora Clemilda o cantar das Sete Meninas:
 
"Eu quero que você me diga
O nome das sete meninas.
É Salete e Rosiete
E Maria Aurelina.
Marina com Marinete
Doralice e Aurelina.
 
(Clemilda)
 
Das barrancas do Riacho Jacaré em Poço Redondo, no tempo de Festa de Agosto, nasceu  música “Mariá”, que projetou o cantor cearense Messias Holanda. A música “Mariá”, que teve a participação e colaboração na sua composição de Alcino Alves Costa, inspirada em Poço Redondo, foi por muito tempo um dos grandes sucessos do cantor forrozeiro Messias Holanda. As moças e as lavadeiras das cacimbas do Riacho Jacaré, naqueles memoráveis tempos de Festa de Agosto, são cenas que inspiraram a melodia e letra.
 
MARIÁ
Messias Holanda.
 
"Pra onde vai com essa trouxona danada mariá
Na cacimba só tem água pra beber
Pouca água, deixa a roupa mal lavada mariá
Lavar roupa, também tem o que aprender
Bota pouco pano nessa trouxa, mariá
Nesse tempo não tem água pra gastar
Leve a colcha, eu preciso dessa colcha
Abra a trouxa, bote a colcha
Leve a colcha pra lavar - bis
Já disse, na cacimba não dá certo
Vá pro riacho salgado, eu fiz um buraco lá
A água do riacho é bem limpinha
Tu lava a trouxa todinha se o sabão não cortar".
 
Lindos eram os casamentos na Festa de Agosto!  Os noivos e as noivas, os padrinhos e os convidados, todos à cavalo. Os batizados... A Festa de Agosto era a festa das festas. Tinha a festa na cidade e com os muitos casamentos aconteciam também as festas nas casas das noivas e nas casas dos noivos.
 
Nos tempos atuais tudo está diferente. Infelizmente a Festa de Agosto tornou-se uma festa qualquer. Não tem nada de Poço Redondo. Não tem o acolhimento do povo de Poço Redondo. É uma festa das bandas. É uma festa dentro da cidade isolada por uma cerca. É uma festa que nega o princípio constitucional de o cidadão ir e vir nos dias de culminância festiva de fé e de cultura. Não há mais a Festa de Agosto com o gosto do povo do Poço.

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