POÇO REDONDO E O ANTIGO CORREDOR DA ARARINHA-AZUL-DE-LEAR
Manoel Belarmino
Do povoado São José, na divisa com Porto da Folha, à Serra da Guia, na divisa com Pedro Alexandre, no Município de Poço Redondo, há um corredor com características especificas de solos e flora, que já foi ou poderia ter sido chamado de Corredor da Arara-Azul-de-Lear devido a antigamente se ter a presença dessa espécie de arara. Há 60 anos ainda podiam ser encontradas nesse corredor diversas espécies das ararinhas-azuis. Duas espécies de araras-azuis existiam aqui, neste corredor em Poço Redondo a arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari) e a arara-azul-pequena (Anodorhynchus glaucus).
Sabemos que a arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari) é uma espécie de arara da família Psittacidae que é endêmica do Raso da Catarina, nordeste do estado da Bahia e que foi encontrada também no sertão sergipano, mais especificamente no Corredor do Ouricuri ou Corredor da Arara-Azul-de-Lear.. Depois de mais de 150 anos de pesquisas, sua área de ocorrência foi descoberta em 1978 pelo ornitólogo Helmut Sick. A Ararinha de leari está em perigo de extinção devido ao tráfico de animais e à destruição de seu habitat, além de possuir uma população pequena.
A espécie de arara-azul-de-lear foi oficialmente e cientificamente descoberta por volta de 1823, e ao longo dos anos, diversos exemplares foram enviados para zoológicos da Europa. No entanto, nada se sabia sobre a procedência e a área de ocorrência da espécie. Na segunda metade do século XX, Olivério Pinto, em uma expedição pelo Nordeste, encontrou um exemplar cativo no município de Juazeiro e indicou o Nordeste brasileiro como a possível área de distribuição desta arara.
Helmut Sick, em 1978, realizou uma expedição partindo de Euclides da Cunha à procura das araras-azuis-de-liar. Nas proximidades da cidade encontraram a localidade Toca Velha com 21 indivíduos. Também encontraram a área de Serra Branca, onde coletaram um espécime que se encontra depositado no Museu Nacional do Rio de Janeiro.
As araras-azuis infelizmente já desapareceram desta região, devido ao descaatingamento e ao tráfico de aves silvestres. Algumas espécies ainda podem ser encontradas no Raso da Catarina, mais precisamente nos municípios de Canudos, Euclides da Cunha, Paulo Afonso, Uauá, Jeremoabo, Sento Sé e Campo Formoso, na Bahia. Nosso medo agora é que o Ouricuri também desapareça, seja extinto, do antigo Corredor da Arara-Azul-de-Lear ou Corredor do Ouricuri, em Poço Redondo.
O fruto do ouricuri (Syagrus coronata) é o alimento preferencial das araras-azuis.
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