O PREÇO DE UMA ELEIÇÃO


Manoel Belarmino

Quanto custa uma eleição? Se esta pergunta for direcionada aos candidatos, ou chefes políticos tradicionais, a resposta é a seguinte: muito cara, caríssima. Mas se houvesse respeito à democracia e à
legislação eleitoral as despesas seriam baixíssimas tanto para os candidatos e candidatas como para os eleitores. Mas as eleições têm sido muito cara para o Estado. Pois é este que mantém as estruturas físicas e humanas para o funcionamento de todo o processo eleitoral. Esse é o preço da democracia.

Infelizmente o modelo viciado e deseducador de fazer política ainda predomina na sociedade. Os políticos teimam, de forma criminosa, em desobedecer as leis eleitorais. Insistem em comprar votos no varejo e no atacado como se fosse um curral de gado, de forma escancarada.

Como uma eleição é cara para o candidato e para o leitor, se todas as despesas legais são pagas pelo Estado? Transporte dos eleitores, mesários, urnas, segurança e até a colinha para anotar os números dos candidatos a Justiça Eleitoral fornece. Não se paga nenhuma taxa para o registro de candidaturas e nem se paga nenhuma taxa para o eleitor votar. Para o candidato é garantido o direito de divulgar e dialogar com os eleitores o seu plano de governo sem precisar pagar nenhum taxa. Restando apenas como despesas para os candidatos às divulgações de suas proposta e o número de identificação e despesas de deslocamento para visitar o eleitor.

Mas o modelo de fazer política que está aí é viciante e deseducador. As disputas eleitorais giram entorno de quem tem mais estruturas para exibir e para comprar votos. Não aparece nos debates os problemas principais do povo. A disputa parece ser entre o número tal e o número tal. O candidato melhor é o do número tal. Como se fosse um ferro de ferrar boi, de ferrar gado. Meus bois são ferrados com o ferro 05 e os de Zé são ferrados com o ferro 07. Para muitos o melhor candidato não é o da melhor proposta, mas o que tem mais recursos financeiros. Candidato que quer discutir os problemas e construir uma boa proposta com saídas possíveis se tornam chatos e não obtém votos. Os candidatos todos deveriam ser educadores, provocadores e construtores de um novo jeito de fazer política.

Não deixe que uma eleição se torne cara demais para os cofres públicos. Vamos juntos construir um novo jeito de fazer política e de construir politicas públicas. Com rigor, técnica, disciplina e consciência política, um governante pode fazer muita coisa se precisar de dinheiro, basta conduzir a máquina com criatividade e vontade política. Essa história de que sem dinheiro uma prefeitura não pode fazer nada é desculpa de político preguiçoso e sem criatividade. Claro que muita coisa só é possível de fazer com dinheiro, mas muitas outras coisas podem ser feitas basta fazer a máquina funcionar.

O preço e o custo alto de uma eleição podem comprometer os quatro anos de uma gestão pública.

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