O PAPA, A JON SOBRINO: “OBRIGADO PELO SEU TESTEMUNHO”


No texto abaixo, publicado ontem, 17 de outubro, por José Manuel Vidal no Religión Digital e traduzido por André Langer, e eu o republico aqui no Círculo de Notícias,  está um ligeiro relato de como foi o encontro do Papa Francisco com o grande teólogo Jon Sobrino. O encontro entre o Papa e o teólogo aconteceu na Sala Paulo VI, para onde Francisco se dirigiu, para saudar os mais de seis mil salvadorenhos ali reunidos para participar da missa de ação de graças pela canonização de São Oscar Arnulfo Romero.

O Papa entrou na sala depois da missa presidida pelo cardeal Rosa Chávez e concelebrada, em sinal de comunhão, por todos os bispos de El Salvador e pelo cardeal hondurenho Oscar Andrés Rodríguez Maradiaga.

E desatou-se o delírio entre as pessoas que se aglomeravam no estreito corredor pelo qual Francisco ia passando, cumprimentando, abençoando e parando aqui e ali. Entre as pessoas e precisamente ao lado de Jon Sobrino e outro companheiro jesuíta salvadorenho estava Javier Sánchez, capelão da prisão de Nalvalcarnero, amigo pessoal do teólogo e entusiasta de dom Romero e de “sua Terra Santa salvadorenha”.

Ainda emocionado, o capelão conta o encontro entre Francisco e Sobrino.

“Quando passou por nós e já estava se voltando para o outro lado do corredor, o jesuíta salvadorenho disse ao Papa:

- Santidade, aqui está Jon Sobrino.

E o rosto de Francisco se iluminou, sorriu abertamente, aproximou-se e deu ao teólogo jesuíta um abraço efusivo e carinhoso”.

Este foi o diálogo rápido entre os dois:

- Ah, Jon.

- Deixei-lhe o último livro que publiquei e que se chama Conversações. Imagino que vão lhe entregá-lo.

-Obrigado, Jon, pelo livro, mas especialmente pelo seu testemunho.

E outras mãos puxavam o Papa pela batina, e Francisco continuou, não sem antes dedicar outro sorriso sincero e agradecido ao teólogo que salvou sua vida, quando os esquadrões da morte mataram Ignacio Ellacuría e seus companheiros jesuítas, pelo fato de que não se encontrava em casa nesses dias.

E Javier, o capelão da prisão de Nalvalcarnero, analisa o encontro que viveu de perto: “Pareceu-me um momento excepcional. Chamou-me a atenção, sobretudo, a expressão do Papa e como, ao ouvir o nome de Sobrino, mudou a expressão do rosto, como se agradecesse a quem estava ali e pudesse cumprimentá-lo e agradecer-lhe por sua vida, pelos seus livros e por seu testemunho. Uma espécie de reabilitação completa”.

E isso que, como depois confessaria a Religión Digital, Sobrino não concordava com a canonização do seu amigo dom Romero. Primeiro, porque já era, há muito tempo, São Romero da América. E, segundo, para que não seja domesticado ou instrumentalizado. Mas, enfim, ali estava ele, regozijando-se com a alegria de seu povo salvadorenho, que, como nos tempos de Romero, ainda continua “crucificado”.

Há ainda uma esperança do resgate da igreja dos pobres.

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