A DESO EM COLAPSO NO SERTÃO E AS TENTATIVAS FRACASSADAS DE LEVAR ÁGUA ÀS POPULAÇÕES
Manoel Belarmino
Não pinga uma gota d’água nas torneiras. Assim está, praticamente, toda a cidade de Poço Redondo e a maioria dos povoados que têm canos da Empresa Deso, nesta quarta-feira, dia 18, mas não é só hoje, não. É há dias, a semanas, há meses.
Informações dão conta de que grande parte dos bairros São José e Lídia Sousa continuam sem água nas torneiras há semanas.
Sabe-se que a adutora de Ilha do Ouro rompe com frequência, e que falta água na cidade e nas comunidades do campo, no Município de Poço Redondo, é porque a Adutora não suporta mais as demandas, e falta uma política seria de acesso a água no sertão sergipano.
A população de Poço Redondo lembra-se das diversas tentativas fracassadas de levar água até a comunidade Areias em Poço Redondo, que dali, segundo as promessas dos governantes da época. Coloco Areias aqui como exemplo, mas em outras também foi quase assim.
Nos fins da década de 80, houve uma tentativa fracassada de levar água encanada de uma prometida adutora que sairia de Curralinho, abasteceria a cidade e levaria água até a comunidade Areias. Foram construídas duas caixas d'água de blocos com cimento e areia, conforme pode ser visto nas fotografias abaixo. Uma perto do Gado Manso, ali na região do Bairro Lídia Sousa, na cidade, que mais parece um escombro de coliseu daqueles dos tempos antigos, e outra na comunidade Areias. Nunca chegou água na comunidade Areias com essa estrutura e as caixas d'água estão lá, só os escombros, como se fossem restos de guerra. Ficou na promessa e nos eloquentes discursos nos palanques. Foi até inaugurado, nunca funcionou, e o dinheiro sumiu.
Anos depois, perfuraram um poço artesiano lá na comunidade Areias, prometendo à comunidade que depois de pronto, a comunidade não mais teria problemas de água. Deu água salgada. Aí instalaram uma estrutura cara e complicada de dessalinizadores. Não funcionou; e o povo não viu a água. Ficou, de novo, no discurso e nas promessas.
Alguns anos depois, surgiu a promessa de se colocar água encanada na comunidade. Os canos chegaram. Água que é bom, ainda é coisa rara. Poucas famílias têm acesso, e estas que têm torneiras ficam vários meses sem receber uma gota de água.
E, recentemente, de novo, um novo projeto de governo promete abrir e dessalinizar as águas subterrâneas das Areias. Perfuraram o novo poço artesiano há mais de quatro anos, montaram as estruturas de dessalinizadores, mas funcionar que é bom, nada. Só na promessa. E o povo ainda não viu uma gota de água dessas estruturas.
Foram quatro tentativas fracassadas de levar água para a comunidade Areias. Incompetente é o adjetivo que se deve dar ao governo. Não há outro. Infelizmente.
E agora toda a estrutura de abastecimento de água da DESO no sertão, principalmente em Poço Redondo, está prestes a se esgotar. Quase toda semana os canos principais da Adutora da Ilha do Ouro (adutora que leva água pra Poço Redondo) se rompem, deixando toda a região sem água por vários dias. E sem contar com comunidades inteiras que ficam mais de mês sem água nas torneiras.
Há alguns anos, depois de as comunidades do Bairro São José e do Lídia Sousa reclamarem das constantes e permanentes falta de água nas torneiras a DESO prometeu que construiria um segundo reservatório na parte mais alta da cidade para resolver o problema de acesso à água naquelas localidades. Resultado: o reservatório foi construído, a Deso diz que funciona, mas os problemas de abastecimento da cidade continuam de pior a pior.
Aí, “vai uma eleição e vem outra”, e os que se elegem não têm compromisso nenhum com a recuperação das estruturas da Adutora do Sertão, e não implantam nenhuma política de acesso a água no semiárido sergipano. Parece até que todos, sem exceção, são coniventes com a indústria das secas.
Imaginem
o quanto em dinheiro não foi gasto nessas tentativas fracassadas!? Parece que
os governos querem forjar com as suas próprias incompetências a política da permanência
da indústria das secas no semiárido sergipano.
O Município de Poço Redondo tem 23 km do seu território banhado pelo Rio São Francisco e o lago de Xingó está bem ali, a poucos quilômetros, cheio d'água.
Conclui-se que no sertão sergipano não falta água, falta uma política governamental de acesso justo e digno à água e também falta vergonha dos governantes.
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