LIXO URBANO: COLETA SELETIVA E USINA DE COMPOSTAGEM

Manoel Belarmino

Infelizmente, nós de Poço Redondo, assim em como todas as cidades, produzimos muito lixo e não damos a sua destinação adequada. Garrafas, plásticos, ferros, eletrônicos obsoletos, e uma imensidão de outros resíduos sólidos são jogados de qualquer jeito nos lixões improvisados ou levados para Alagoas. Os lixões clandestinos já foram fechados em Poço Redondo, mas não há coleta seletiva de resíduos sólidos na cidade e nem nos povoados. Atualmente, todo o lixo coletado na cidade é despejado em um aterro sanitário no Estado de Alagoas.

A convivência com o lixo, nesse modelo tradicional de coleta e destinação, nunca é harmoniosa. Além de o lixo exposto nas ruas ou jogados em áreas inadequadas causarem grandes problemas e prejuízos, a coleta e destinação,  causa despesas aos cofres públicos dos municípios com os serviços de coleta. Mas há saídas para uma coleta, destinação e tratamento adequados aos materiais sólidos, Inclusive reduzindo as despesas com a coleta e a destinação.

A saída é a Coleta Seletiva, que é o recolhimento dos materiais que são possíveis de serem reciclados, previamente separados na fonte geradora. Dentre estes materiais recicláveis podemos citar os diversos tipos de papéis, plásticos, metais e vidros.

Sabemos que a separação do lixo evita a contaminação dos materiais reaproveitáveis, aumentando o valor agregado destes e diminuindo os custos de reciclagem, capacitando profissionalmente e aumentando a renda dos catadores e catadoras.

As Usinas de Compostagem aproveitam todo a matéria orgânica das feiras livres e as sobras domésticas para a transformar em adubo. Isto gera renda, beneficiando agricultores, aumentando a produção de alimentos e recuperando solos.

As principais formas de coleta seletiva de resíduos sólidos são as que expomos aqui mais adiante e podem ser perfeitamente possíveis de ser instaladas na sede do Município de Poço Redondo e nos seus povoados maiores, como Santa Roso do Ermírio, Sítios Novos e Bonsucesso. Vejamos as principais formas:

01 - Porta a Porta – Veículos coletores simplificados e de baixo custo percorrem as residências em dias e horários específicos que não coincidam com a coleta normal de lixo. Os moradores colocam os recicláveis nas calçadas, acondicionados em contêineres distintos;

02 - PEV (Postos de Entrega Voluntária) - Utiliza contêineres ou pequenos depósitos, que pode ser fabricados na própria comunidade, colocados em pontos físicos no município, onde o cidadão, espontaneamente, deposita ali os materiais recicláveis;

03 - Postos de Troca – Troca do material a ser reciclado por algum bem.

04 - PICs - Outra modalidade de coleta é a PICs (Programa Interno de Coleta Seletiva), que é realizada nas instituições públicas e privadas, em parceria com associações locais e cooperativas regionais de catadores e catadoras.

Os resultados ou benefícios da implantação da Coleta Seletiva de Resíduos Sólidos e das Usinas de Compostagem são sempre positivos. E podemos citar os seguintes:

Benefícios Ambientais - Os maiores beneficiados por esse sistema são o meio ambiente e a saúde da população. A reciclagem de papéis, vidros, plásticos e metais - que representam em torno de 40% do lixo doméstico - reduz a utilização dos aterros sanitários, prolongando sua vida útil. Se o programa de reciclagem contar, também, com uma usina de compostagem, os benefícios são ainda maiores. Além disso, a reciclagem implica uma redução significativa dos níveis de poluição ambiental e do desperdício de recursos naturais, através da economia de energia e matérias-primas.

Benefícios Econômicos - A coleta seletiva e reciclagem do lixo doméstico apresenta, normalmente, um custo mais elevado do que os métodos convencionais. Iniciativas comunitárias ou empresariais, entretanto, podem reduzir a zero os custos da prefeitura e produzir benefícios para as entidades ou empresas. De qualquer forma, é importante notar que o objetivo da coleta seletiva não é gerar recursos, mas reduzir o volume de lixo, gerando ganhos ambientais. Porém vale ressaltar que a coleta seletiva pode gerar trabalho e renda para famílias sem onerar a prefeitura.

Benefícios Políticos - Além de contribuir positivamente para a imagem da gestão municipal e da cidade, a coleta seletiva exige um exercício de cidadania, no qual os cidadãos assumem um papel ativo em relação à administração da cidade. Além das possibilidades de aproximação entre o poder público e a população, a coleta seletiva pode estimular a organização da sociedade civil.

É possível, mesmo com pouco recurso financeiro, construir políticas públicas de grandes resultados, de maximização dos resultados dos investimentos públicos. Porém é preciso vontade política para criar as estruturas técnicas. Para ser um gestor público, não basta ser técnico, não basta ser experto em política, tem de ser experimentador, prático e mobilizador de gente. Tem de acreditar na técnica, na ciência e no poder popular.

Ah como gostaríamos de ver um dia Poço Redondo vivendo a coleta seletiva, com um grupo de homens e mulheres tendo renda digna como Cidadãos da Limpeza!