OS BAILINHOS DE RADIOLA


Manoel Belarmino

A década abarcava todos os anos oitenta. E eu na minha meninice, vida de rapazinho, matuto. Menino do interior como sempre fui, morando na comunidade Boqueirão, no Território da Guia, na Tríplice Divisa, entre os municípios de Poço Redondo, Canindé e Pedro Alexandre, vivi ali a melhor fase da minha vida. Vivi os bailinhos de família, os bailes de radiola, os tempos dos discos LP e das radiolas de pilhas.

Amado Batista, Valdick Soriano, Bartô Galeno, Clemilda, Gerson Filho. Lindomar Castilho e outros faziam parte da coleção de LP que animavam as noites de baile.

As mais belas mocinhas do Boqueirão e das comunidades vizinhas sempre estavam presentes. Cabelos longos, vestidos lindos e sempre com os mais belos e puros sorrisos.

A música "Seresteiro das Noites" de Amado Batista era um sucesso absoluto nas noites de baile. Tocada repetidas vezes na mesma noite.

Dentro da casa simples, ainda de taipa, na sala principal, uma radiola a pilha tocando as mais belas músicas românticas e sob a luz de um lampião de gás, e casais de mocinhas e rapazes a dançar. Lá fora, o terreiro de areia branca iluminado pela lua que sorria no meio do céu completava aquele paraíso de lugar encantado.

Quanta saudade dos anos oitenta! Quanta saudade dos tempos de menino matuto, de menino poeta e inocente! Quanta saudade dos bailinhos de radiola!

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