RIO SÃO FRANCISCO OPARÁ, EU SOU ÁGUA DA SUA ÁGUA
Manoel Belarmino
Nestes tempos de ascensão
De sofrimento e mágoa
De o sertão virar deserto
Como roupa que se enxágua.
É só ver como o rio tá.
Meu São Francisco Opará,
Eu sou água da sua água.
Também sou da sua bacia,
Meu velho rio que deságua
Como choro lá no mar
Com as lágrimas de mágoa.
Choro de dor sem parar...
Meu São Francisco Opará,
Eu sou água da sua água.
Furaram a sua bacia,
Sem ter dó, com muita mágoa,
Desnudando toda a terra
E no veneno deságua
Todo o esgoto sem parar...
Meu São Francisco Opará,
Eu sou água da sua água.
O capital e a ganância
No lucro sempre deságua
Matando o povo do rio
Como um quadro que se apaga
Num destruir sem findar.
Meu São Francisco Opará,
Eu sou água da sua água.
A sua água é meu sangue,
Sangue que minha alma enxágua
Os seus peixes são meu corpo
Que no seu leito deságua
Como um resto a se findá
Meu São Francisco Opará,
Eu sou água da sua água.
Meu São Francisco Opará,
Meu sangue em você deságua.
Meu povo santo do rio,
Minha alma em você se enxágua
E em comunhão sempre está.
Meu São Francisco Opará,
Eu sou água da sua água.
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