POÇO REDONDO: O TURISMO E A ESPERANÇA DE DESENVOLVIMENTO

Manoel Belarmino*

O potencial turístico do Município de Poço Redondo é gigante. Todo mundo de Poço Redondo sabe, ou deveria saber. Todos os políticos (e os que se acham políticos) deste Município sabem disso.

Lugares de eventos da história do Cangaço de Lampião como o Maranduba(um dos três maiores combates de dos cangaceiros com as volantes), As Pias das Panelas e a Grota do Angico; o Memorial Alcino Alves Costa, o Quilombo da Serra da Guia, o Bonsucesso(riqueza arqueológica), a Estrada do Conselheiro etc. temos também grupos culturais que precisam ser fortalecidos, como os Vito (dança de côco, rezas das novenas tradicionais, cavalhadas etc), Zefa da Guia, As Cavalhadas, artesãos, rendeiras, mestres do couro, cantorias, aboios etc.

Os doutores e os turismólogos que nos perdoem, mas não dá mais para pensar em política de turismo, focando somente em megaestruturas, desprezando o turismo de base comunitária, o turismo histórico, cientifico e religioso, deixando de envolver diretamente as comunidades locais.

Poço Redondo está localizado, nas proximidades de Canindé de São Francisco, Paulo Afonso e Piranhas, onde todos os anos milhares de turistas do mundo inteiro visitam essa região, mas em Poço Redondo poucos desses turistas pisam em Poço Redondo, com exceção da Grota do Angico que os turistas chegam por Piranhas. Sabe por que isso acontece? É porque Poço Redondo não construiu ainda uma Política Municipal de Turismo.

Em Poço Redondo, temos vários sítios arqueológicos, como a rica arqueologia subaquática de Bonsucesso, as pinturas rupestres do Morro dos Mestres e do Morro das Letras, o Cemitério Histórico da Santa Cruz do Quilombo Serra da Guia, o Casarão de Bonsucesso da antiga Fazenda Belo Monte etc. Também temos a paleontologia com os sítios que abrigam materiais do tempo da megafauna, como Sítio São José, Tytoya e Charco.

Toda semana, Poço Redondo recebe dezenas de estudantes e pesquisadores (turismo científico), que visitam lugares da história do cangaço, o Quilombo Serra da Guia e os sítios arqueológicos e paleontológicos. Diversos grupos de pessoas querendo fazer trilhas nos diversos pontos turísticos e lugares históricos de Poço Redondo. O turista quer conhecer a paisagem e a história do cangaço e do sertão sergipano.

As comunidades precisam receber um mínimo de apoio técnico do governo municipal para organizar os diversos serviços de turismo, desde a divulgação dos produtos e serviços à qualidade das estruturas mínimas necessárias e adequadas para receber os turistas. O desenvolvimento de uma comunidade com potencial turístico perpassa por apoio técnico do governo local. Os grandes empresários não dependem do governo local a não ser para a isenção de alguns impostos. Os pequenos empreendedores precisam de apoio técnico do governo local para garantir bons serviços e geração de trabalho e renda. As grandes empresas geram empregos, submissão e importam profissionais. Os pequenos empreendedores geram trabalho, renda e autonomia, além da geração de empregos intrafamiliar, ainda fortalecem a economia local e a identidade cultural do povo do lugar.

Vejam a Ilha do ferro em Pão de Açúcar, aqui bem pertinho de Poço Redondo, do outro lado do Velho Chico, que hoje é conhecida no Brasil inteiro e fora do país. É uma das localidades mais visitadas; os pequenos empreendedores vendem os seus produtos, gerando renda e trabalho. Um detalhe: na Ilha do Ferro não há nenhuma megaestrutura turística. Teve e tem apoio governamental para uma boa política de fortalecimento do turismo local.

É possível, sim, sem precisar de grandes investimentos financeiros, construir uma política eficiente de fortalecimento do turismo em Poço Redondo, basta ter vontade política e competência técnica.

*Manoel Belarmino é escritor, poeta, cordelista e formando em jornalismo pela Universidade Estácio.

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